Desempenho e Funções
Conforto Sonoro
Design e Acabamento
Praticidade
Limpeza
Segurança
Outros Pontos
Pontos fortes
Pontos fracos
A Ariete é nova no Brasil, chegou em Outubro de 2023, mas na Europa já é comum. A marca italiana acumula algumas décadas de existência, e junto a Kenwood, Braun e algumas outras faz parte do grupo DeLonghi. A DeLonghi é a maior fabricante europeia de eletroportáteis, e tem em seus catálogos produtos sinônimos de alta qualidade e boa percepção do público. Não precisamos dizer então, o quão curiosos ficamos quando o Blend&Heat chegou na Harpyja.
No catálogo da marca encontramos dois liquidificadores: este Blend&Heat com “desempenho profissional”, segundo anúncios, e um modelo de sua linha Vintage.
A estética retrô se estende para uma grande variedade de produtos: chaleiras, espremedores, torradeiras, processadores… É uma aposta ousada para trazer personalidades aos produtos. Vemos air fryers e mixers com designs mais contemporâneos, além de outros produtos nichados: fornos de pizza, desidratadores, pipoqueiras, iogurteiras, máquinas de waffle…
O Ariete Blend&Heat tem um perfil vertical e reto, com cantos arredondados. A silhueta é diferente da enorme maioria dos liquidificadores que avaliamos, se assemelhando mais ao Britânia BLQ1300, embora ainda distinto.
Transmite a ideia de uma torre, bem alta por sinal. São 49 centímetros de altura com uma base larga de 20 cm de largura por 21,6 cm de profundidade. O corpo é primariamente de plástico preto lustroso, com um grande detalhe frontal em inox.
O encontro entre plástico e metal está bem feito, assim como o resto da unidade. O liquidificador foi bem construído, não deixa erros estéticos visíveis.
O material escrito aparece em chumbo e vermelho, trazendo detalhes mais vívidos para a combinação acanhada de preto e inox. Surge sem erros tanto no plástico quanto no inox, o que é um tanto difícil. Temos Blend&Heat (Liquidificar e Aquecer) em destaque, e a logo da marca abaixo do seletor.
Apenas olhando, se percebe que o seletor é diferente do normal. Conta com uma série de programas e botões adicionais. Ativar o produto acende o painel de funções, e a selecionada fica piscando. São 5 ao todo, com Reset sendo a padrão onde você escolhe tempo e velocidade:
O aro metálico é responsável por alterar entre as funções pré-programadas. A pegada poderia ter um pouco mais de aderência para ser confortável. Mesmo assim não escorrega.
No centro do aro há 6 botões e um display LED. Parece demais para um só liquidificador, mas são bem compreensíveis.
Usar o painel é bem intuitivo: pulsar interrompe a rotação contínua; você pode selecionar um programa e mudar a velocidade ou tempo; e surge um timer e indicação de velocidade no display central. Os primeiros minutos são de estranhamento pela quantidade de opções e letras representando palavras em inglês.
Essa seria uma mudança bem vinda. As letras S, T e H (High, para a velocidade máxima) não se comunicam com o consumidor brasileiro. Ao menos os programas têm imagens para ajudar na compreensão. Os botões estariam mais acessíveis trocando o T pela imagem de um relógio, por exemplo.
Seguindo o perfil quadrado do corpo, o interior da jarra é quadrado com um dos lados chanfrados, dando mais espaço para a alça. Seu material principal é Tritan, um plástico muito resistente a impactos e quedas, com inox fazendo o contorno abaixo e integrando as lâminas.
Vemos marcações de até 2 litros que estão bem demarcadas. Enchido até a boca suporta pouco mais de 2900 mL. Em funcionamento é possível atingir 2340 mL. Mais que isso, a tampa cria pressão e abre.
A vedação de líquidos é perfeita quando bem fechada. A tampa plástica e grossa é contornada por um largo anel removível. Em seu centro há uma tampa dosadora com medidas para 30, 45 e 60 mililitros. Em uma das quinas há uma aba para ajudar a remover a tampa.
A alça é larga, firme e reta. Não é das mais confortáveis mas faz seu trabalho. Nas laterais tem um contorno de borracha.
O encontro com a base possui uma peça removível de borracha. Aparece uma indicação de girar para destravar, mas não faz sentido algum. A peça deve ter sido aproveitada em mais de um modelo.
Um ponto interessante, é que o painel e o liquidificador só ligam com a jarra encaixada e sua tampa fechada. No topo da alça há um contato mecânico que transmite a um pino no encaixe.
É um bom sistema de segurança, mas que vem ao custo do encaixe só ser feito de uma forma: com a alça para a direita. Na lateral da jarra tem um pequeno triângulo para ajudar a lembrar.
O conjunto de lâminas traz 3 pares. Dois pares são serrilhados, cortando na horizontal e levemente em ângulo, enquanto o outro quase fica na vertical e não tem muito corte.
O eixo das lâminas é metálico e tem seu entorno muito bem construído, com algumas peças usinadas. É algo muito bom de ser visto pelo contraste direto com a maioria dos liquidificadores, que fazem eixos falhos. Mais para frente vamos abordar os efeitos práticos dessa escolha.
A Ariete inclui um socador junto, uma peça bem simples de plástico mole. Na parte de cima, tem uma guarda que trava nos entornos do buraco da tampa dosadora. A distância é suficiente para deixar o alimento próximo das lâminas sem entrar em contato com elas.
O Blend&Heat possui 10 velocidades, e todas elas são variações significativas entre si. A mínima atinge 5000 rotações por minuto e a máxima 18000 RPM. Essa diferença de 72% entre as velocidades é uma das maiores que já presenciamos. Torna o liquidificador realmente versátil e com entregas diferentes dependendo da velocidade que trabalha.
O corte de frutas para suco agrada bastante. Mesmo lidando com frutas grandes o Ariete cortou com facilidade e deixou muito pouco na peneira. O resultado é homogêneo e os pedaços que ficam retidos são pequenos.
Mesmo liquidificadores de boa qualidade com metade da quantidade de fruta deixaram mais bagaço que o Blend&Heat.
Por outro lado, este liquidificador não lidou bem triturando gelo ou frutas congeladas. Mesmo pulsando algumas vezes a mais do que o normal, sobraram alguns cubos grandes. Por outro lado, ao utilizar a função para Gelo, o resultado foi bem diferente. Os cubos viraram neve, não deixando nenhum pedaço maior. Se for trabalhar com esse tipo de alimento, vale fazer uso da função ou a entrega será abaixo da média.
Não podíamos deixar de testar a parte Heat do Blend&Heat. A verdade é que o produto não possui resistência ou algo que aqueça diretamente o alimento. Ele faz isso de forma indireta, através do atrito que ocorre entre a lâmina e o alimento durante os giros em alta velocidade.
Utilizando a função Sopa com 1 litro de líquido no interior, a temperatura partiu de 20°C para 64°C. O aumento é considerável, considerando o tempo de 6 minutos. Deixando o programa Sopa correr mais uma vez, o líquido quase ferveu! Alcançou o pico de 94°C.
Já avaliamos outro liquidificador com o programa de Sopas, o KitchenAid K400 com ciclo de 3 minutos. Comparando ambos, os resultados são muito parecidos, com o liquidificador da Ariete esquentando até um pouco mais.
Essas podem não ser exatamente a temperatura que você terá em casa. Com sólidos no interior, a tendência é que a sopa saia mais fria. Se for usar, considere que o liquidificador passa quase 6 minutos ligado na velocidade máxima. Esta não será uma sopa com pedaços, qualquer alimento colocado na jarra vai sair líquido.
Também evite tocar no eixo metálico embaixo do liquidificador, se o alimento foi aquecido por atrito, o eixo de metal vai estar mais do que fervendo. A função sopa também foi uma grande prova da qualidade do eixo deste liquidificador.
Infelizmente é comum que modelos simples sejam irreversivelmente danificados se colocados para funcionar sem água, pois aquecem por atrito em torno da lâmina e derretem a própria jarra. Este Ariete conseguiu funcionar em temperaturas altas por um tempo longo sem nenhum problema.
Até mesmo outros liquidificadores com eixos metálicos não conseguem realizar este feito com facilidade. O Osterizer Max, que a Oster faz propaganda em cima do seu eixo, solta graxa quando atinge temperaturas elevadas. O mesmo ocorreu com o KitchenAid K400, mas não com o Blend&Heat. Fica claro que a função não é apenas um adicional pensado de última hora, o produto foi equipado para lidar com essa situação adversa.
Apesar de não ser um alimento recomendado para liquidificadores, o Blend&Heat consegue misturar massas de bolo bem. Com os ingredientes líquidos e moles, em apenas 20g já não sobra pedaços.
Adicionando as partes secas, pode haver pouco acúmulos de farinha nas paredes. Isso foi uma surpresa, pois a movimentação dos alimentos neste Ariete é muito boa. Não precisamos usar espátula em nenhum momento.
A potência consumida pelo liquidificador pode ser bem alta quando trabalhando próximo da velocidade máxima. Chega a beirar os 1400W declarados pela Ariete. Como essa potência declarada é a atingida pelo motor apenas durante picos, é melhor trabalhar com velocidades baixas e médias para misturar a massa. Dessa forma preserva-se melhor o motor e o trabalho segue sem problemas.
Fazer pasta de amendoim não é um trabalho comum para liquidificadores. Apenas alguns conseguem fazer e a qualidade não costuma ser das melhores. O Blend&Heat se enquadra num perfil bem estranho.
O preparo é demorado, com muitas pausas necessárias, cerca de 20 minutos. A velocidade mínima ainda é alta para esse tipo de preparo. Os grãos são jogados para canto, não tocam nas lâminas e o socador não alcança para ajudar. Quando começou a ficar pastoso, a situação mudou. A partir deste ponto, a pasta escorria em direção a lâmina e o processo foi rápido, sem pausas.
O teste é realizado com 200g de amendoim, uma porção pequena, uma quantidade maior deve melhorar o resultado. Não recomendaria realizar porções menores de pasta, mas com algumas centenas de gramas de grãos, se produz um resultado agradável.
Na velocidade máxima, o liquidificador da Ariete fica menos ruidoso que a média com 82 dBA. Um ponto positivo é que seu perfil é menos agudo do que a maioria, assim incomoda menos o ouvido. O barulho fica mais grave entre as velocidades mais baixas, e atinge 67dBA na mínima. É bem perceptível, mas entre liquidificadores é silencioso.
Uma parte disso sem dúvida é relacionada ao invólucro em torno do eixo. A peça de borracha do corpo e a caixa plástica em torno do encaixe criam um isolamento que produz resultado notável.
Na hora da limpeza tenha cuidado especial com os riscos. Tanto corpo quanto jarra e tampa riscam com certa facilidade. Use apenas um pano úmido para o corpo e o lado macio da esponja para a jarra. Para as peças de inox, seque o quanto antes para não deixar manchas.
As lâminas tem seu fio virado para baixo, o par em posição mais agressivo tem pontas redondas e são pouco cortantes. Apesar de não ser possível retirar as lâminas, é possível limpá-las sem perigo.
O maior trunfo de segurança é seu painel, que não liga sem a jarra estar posicionada e fechada. Elimina muitas possíveis situações de acidentes. O cabo de alimentação possui 126 centímetros, proporciona boa liberdade para posicionar nos entornos da tomada.
A estabilidade do produto é bem alta. Parte por ser pesado, cerca de 5kg contando a jarra, parte por sua base larga e pés estáveis. São peças de borracha que cobrem uma boa área e resistem bastante a deslizes. O outro lado da moeda surge quando for guardar a unidade: tamanho e peso atrapalham.
Sua jarra também fica estável no corpo, não se movendo em nenhum momento. Apenas lembre que ela fique totalmente solta. Tentar usar sua alça de alavanca para carregar o produto não é uma boa ideia. Tome cuidado ao manipular com mãos engorduradas, a alça da jarra possui detalhes emborrachados que podem ficar melequentos. O mesmo pode ser dito da “cama de borracha” que faz o encaixe da jarra com o corpo.
A conexão do eixo com as lâminas é feita por outra borracha. Esta mais rígida e preparada para lidar com as temperaturas maiores que podem aparecer no eixo. A Ariete inclui 2 dessas peças adicionais. Até agora, a primeira peça está na unidade: levemente amassada em alguns pontos, mas funciona normalmente. De qualquer forma, nos perguntamos a frequência que precisa ser trocada, e onde conseguir mais.
O manual da Ariete não faz menções à garantia e assistência técnica. No verso há o número do SAC, que não atendeu às nossas ligações. No site da marca é possível preencher um formulário para entrar em contato e buscar assistência técnica, mesmo assim é um dos pontos a reforçar se a Ariete pretende se instalar mesmo no Brasil. A Ariete oferece 12 meses de garantia.
A Ariete entrou com um liquidificador forte no Brasil. O produto trouxe uma jarra grande que mesmo assim entrega cortes de alta qualidade, diferenciais no seu painel, ao lidar com temperatura e está mais em conta que concorrentes no mesmo nível. O que precisam se atentar é no suporte ao Brasil: traduzir sua interface e melhor disponibilizar reparos. Se está procurando um produto que não vai ser sempre movido de lugar, há um bom caso a ser feito em cima do Blend&Heat.
